Hostilizado
em uma manifestação em Fortaleza contra o Mais Médicos, o médico cubano Juan
Melquiades Delgado recebeu
um pedido de desculpas, nesta terça-feira 22, da presidenta Dilma Rousseff
durante a cerimônia para sancionar a lei que instituiu o programa.
“Quero
cumprimentar o Juan não apenas pelo fato de ele ter sofrido um imenso
constrangimento quando chegou, e por isso, do ponto de vista pessoal e do
governo, peço nossas desculpas a ele.”
O
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também fez deferência ao médico cubano.
“O corredor polonês da xenofobia que te recebeu em Fortaleza não representa o
espírito nem do povo brasileiro, nem da maioria dos médicos que trabalham pelo
SUS.”
Vaiado
por colegas brasileiros, Juan Delgado se transformou uma espécie de símbolo do
preconceito contra os profissionais estrangeiros do programa. No Brasil, ele
foi escalado para trabalhar no Polo Base de Saúde Indígena do
município de Zé Doca, no norte do Maranhão, onde vai atender índios das etnias
Ka’apor, Awá-Guajá e Tenetehara-Guajajara. Ao chegar à cidade, conforme revelou CartaCapital no
início de outubro, ele testemunhou a ocupação do local por lideranças indígenas
a pedir a demissão da equipe responsável pelo local. A reportagem testemunhou a
chegada de Delgado em meio à tensão. Osíndios reclamavam do mau atendimento, da
falta de alimentos aos doentes e acusavam uma enfermeira de sequestrar cartões
do Bolsa Família de índios para uso pessoal.
Atendimento. Segundo a presidenta, 13 mil
profissionais vão atuar pelo programa e cobrir uma população de 46 milhões de
brasileiros até abril de 2014. Dilma agradeceu aos médicos formados no país e
aos que vieram de outros países, “ajudando, apoiando e demonstrando imenso
carinho”.
“Talvez
essa participação de vocês seja a mais perfeita, a mais completa, não só forma
de integração da América Latina e outros países, mas também atestado de
cidadania brasileira. Muito obrigada”, afirmou.
A
aprovação do Mais Médicos pelo Congresso, segundo a presidenta, foi o
reconhecimento da importância do SUS. “Mais médicos nos postos de saúde e na
atenção básica vai significar sempre menos doença, e é essa a equação básica
fundamental. O Mais Médicos veio efetivamente para mudar esse quadro de
distribuição do acesso ao médico. (…) Mas também estamos ampliando a
infraestrutura, e tudo isso está sendo feito em parceria com os municípios.
Essa estrutura na qual investimos quase 13 bilhões de reais”, completou.
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